O Conselho da Europa
O Conselho da Europa é a mais antiga instituição europeia em funcionamento. Fundada a 5 de Maio de 1949, tem a sua sede em Estrasburgo (França) e na atualidade conta com 47 países membros, todos os da Europa exceto três (a Santa Sé, Bielorrússia e Kosovo), e algum da Ásia.
A Convenção Cultural da Europa
No ano 1954, o Conselho da Europa propõe a Convenção Cultural da Europa, um tratado de apenas onze artigos dedicado à herança cultural da Europa. Com o passo do tempo, o tratado é assinado por 50 países. Portugal assina o tratado o 16 de Fevereiro de 1976. Na atualidade, o Ministério Público informa do tratado, e disponibiliza a tradução do seu texto ao português. Vale a pena mencionar os dois primeiros artigos:
ARTIGO 1.º
Cada uma das Partes Contratantes tomará as medidas adequadas para salvaguardar e fomentar o desenvolvimento da sua contribuição para o património cultural comum da Europa.
ARTIGO 2.º
Cada uma das Partes Contratantes procurará, na medida do possível:
a) Promover entre os seus nacionais o estudo das línguas, da história e da civilização das outras Partes Contratantes e conceder-lhes no seu território facilidades com vista ao desenvolvimento de tais estudos;
b) Envidar esforços para desenvolver o estudo da sua língua ou línguas, da sua história e da sua civilização no território das outras Partes Contratantes e facultar aos respectivos nacionais a possibilidade de continuar tais estudos no seu território.
O Programa de Política Linguística
Na atualidade, dentro do Conselho da Europa está a Direção-Geral de Democracia; dentro dela está a Direção de Participação Democrática; dentro dela está o Departamento de Educação; e dentro dele está o Programa de Política Linguística. Este Programa substitui à antiga Unidade de Política Linguística, que em 1957 organiza a primeira conferência intergovernamental sobre cooperação europeia no ensino de línguas, em 1963 começa o primeiro projeto de importância sobre ensino de línguas e em 2001 consegue a aprovação do Quadro Europeu Comum de Referência para as línguas (QECR). Este documento torna-se fundamental para o ensino de línguas na Europa, e também em países extra-europeus.
O QECR
O QECR divide o ensino de línguas em três níveis, cada um com dois subníveis:
- Nível A (Básico): Subníveis A1 (Inicial) e A2 (Básico)
- Nível B (Intermédio): Subníveis B1 (Intermédio) e B2 (Independente)
- Nível C (Avançado): Subníveis C1 (Eficaz) e C2 (Estruturado)
O documento que define o QECR é fácil de achar na rede em galego, espanhol, inglês e francês, mas em português somente o achamos sem os quatro apêndices.
O Portefólio Europeu de Línguas
O Programa de Política Linguística do Conselho de Europa define também o Portefólio Europeu de Línguas, um documento criado para refletir o aprendizagem de idiomas e experiências culturais das pessoas, orientado à autoavaliação e não a acreditar oficialmente os conhecimentos. Este portefólio compõe-se de três partes:
- O passaporte europeu de línguas.
- A biografia linguística.
- O dossier.
Das três partes do Portefólio a mais interessante é a primeira, o passaporte europeu de línguas. No passaporte, o QECR é a referência para registar tanto os conhecimentos auto-avaliados como as qualificações oficiais.
O Programa de Política Linguística fornece guias e formas, bilingues inglês-francês, para que qualquer um possa criar o seu próprio modelo de Portefólio Europeu de Línguas. Ainda que afirma explicitamente fornecer formas para as três partes, na verdade fornece somente para as duas primeiras.
O Programa de Política Linguística não oficializa modelos de Portefólio; da tarefa de disponibiliza-los nunca se ocupou, e da tarefa de regista-los apenas se ocupou desde 2000 até ao 2014, deixando a tarefa de oficializar modelos nas mãos dos governos. Contudo, Portugal registou quatro modelos nesse período, dos quais três estão disponibilizados atualmente pela Direção-Geral da Educação do Ministério da Educação:
- 20.2001 Portefólio Europeu de Línguas – Ensino Básico – Ligação
- 21.2001 Portefólio Europeu de Línguas – Ensino Secundário – Ligação
- 21.2001 Port.IIUM/UCP – Portugal – Portuguese Catholic University and Macau Inter-University Institute – Model for adult learners
- 116.2010 O meu Primeiro Portefólio Europeu de Línguas – Ligação
Acreditação de competências em idiomas
O caminho para acreditar oficialmente as competências em idiomas na Europa está ainda por fazer; não existe ainda uma norma europeia que a regule. A validade dos certificados de idiomas é relativa e segundo o país são aceites uns títulos ou outros.
Quem está a avançar para criar uma lista de títulos uniformizada é CercleS, a Confederação Europeia dos Centros de Línguas do Ensino Superior, ligada ao Conselho de Europa. Esta confederação está formada por treze associações nacionais de centros de línguas do ensino superior: ACLES (Espanha), AICLU (Italia), AKS (Alemanha), AULC (Reino Unido), CASALC CZ (Chéquia), CASALC SK (Eslováquia), FINELC (Finlândia), NUT (Países Baixos e Bélgica), RANACLES (França), ReCLes.pt (Portugal), SERMO (Polônia), SSH-CHES (Suiça) e VUS (Áustria).
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