Assassinatos na Academia Brasileira de Letras, por Jô Soares (2005). Editorial Presença. Lisboa, 2ª edição, 2006. Capa de Catarina Sequeira Gaerias.
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Assassinatos na Academia Brasileira de Letras, por Jô Soares (2005). Editorial Presença. Lisboa, 2ª edição, 2006. Capa de Catarina Sequeira Gaerias.
Assassinatos na Academia Brasileira de Letras é um romance policial do brasileiro Jô Soares, comentado aqui na sua edição portuguesa. Mas Assassinatos na Academia Brasileira de Letras é também, na ficção, um romance do personagem Belizário Bezerra; um jogo de ficção dentro da ficção pela parte de Soares. Soares localiza a história no Rio de Janeiro de abril e maio de 1924, e descreve o ambiente e acontecimentos de 1924 de maneira pormenorizada, especialmente nessa Academia que intitula o livro; mesmo usa a linguagem da época incorporando à narração artigos de imprensa.
O romance desenvolve-se através de pesquisas, com um estilo parecido aos romances de Sherlock Holmes escritos por Arthur Conan Doyle (por exemplo O vale do terror) no que o comissário Machado Machado e o doutor Gilberto de Penna-Monteiro fazem os papeis de Sherlock Holmes e doutor Watson. A história tem também a sua parte de ficção histórica, que envolve uma seita de envenenadores ligada à história de Portugal e a sua monarquia, um bocadinho ao estilo de Dan Brown. E tem também a sua parte sexual, com as relações sexuais que vão entrando na história, algumas hilariantes. A história não é, na verdade, uma comédia; mas Soares narra de maneira engraçada e põe-lhe pinceladas de comicidade, com personagens surpreendentes.
Soares vai oferecendo ao leitor as pistas obrigadas que permitem resolver o mistério, ainda que alguma coisa fica pouco explicável como o assassinato no comboio. Também não se compreende a hesitação dos protagonistas quando descobrem o meio dos assassinatos e não reparam em que apenas um personagem é que pode ser o assassino.
Resumindo, um entretido romance policial com divertidas pinceladas de comicidade.